O Dualismo Humano.

Minha maior dor consiste em olhar para mim e não poder dizer quem sou...
Sei que sou, mas não sei quem sou...
O único conceito que tenho a meu respeito, é que sou um aconceituado...
Vivo à periferia do meu alto-conhecimento!
Não sei...
Decididamente, não sei...
De onde vim? Minha loucura é bem mais lúcida à resposta.
O que me precedeu? Sei que o mundo não começou comigo.
O turbilhão de tempo que virá depois de mim...
Pra onde vou?
...esta pergunta me deixa atônito, altamente estarrecido diante de um frustrado silencio sepulcral...

Porque que às vezes sou o que jamais seria?
Acabo sendo uma identidade estranha.
Hora a cabeça pensa o que o coração não quer...
Hora o coração quer e a cabeça o repreende...

Meus pés sapateiam o que minhas mãos afagaram...
Sou amabilidade e estupidez!
Luz e trevas!
Anjo e demônio!

Metade de mim brilha reluzente no azul dos céus...
Outra metade é esculpida pelo tempo tenebroso e errante...

Sou mistério...

Um mistério jamais entendido por minha espécie!
Sou doce e azedo!
Quente e frio!
Sou um dicionário e uma folha de papel virgem!
Lúcido em miniatura e gigantesco no terreno da loucura!

As forças que atuam em mim são alheias e estranhas. Transcendem minha capacidade racional.
Minha liberdade é o meu cárcere...
Vitima e rel. Sou eu!
O porco e a garça.
O visível e i invisível.
Sou o tudo e o nada.

Meu rosto às vezes, é estranho no espelho das circunstancias...
Um eu que não sou eu, age e assume a direção da minha trilha existencial...
Meu interior se antagoniza.
... ... ...
Ao ser concebido pela humanidade, adormeci. E dormindo:
Fui mordido pela contradição...
Nutrido pelo veneno da duplicidade...
Criado pelos opostos...
Meu sonho é acordar e ver em mim somente eu, para finalmente viver. Mas aqui na terra só quem goza do direito de despertar os outros é quem é imune de tais dualidades.
A terra vive em silencio!
Um dia a humanidade acordará.
Enquanto isso, um bom sono a todos...