Os Lixos Virtuais que valem Ouro

Estamos na era do Big Brother e dos seus similares. Vivemos a era de uma Big Bosta no Brasil! (Desculpe-me o baixo nível em algumas expressões, perdoe-me.) Um “zoológico humano divertido”, como disse o irreconhecível Pedro Bial. 
Um lixo que vale ouro, pura abobalhada revestida de entretenimento. O BBB envergonha parte dos brasileiros!

Na ‘casa-jaula’ as pessoas se digladiam por um milhão de reais, perdem a consciência da moral equilibrada e tornam-se modelos de uma geração que presta culto à bizarrice e acabam por serem atores e propagadores de uma cultura de baixo teor moral.

Em nome de quê as pessoas se submetam e permitem que o seu “eu” seja substituído por um simulacro chulo? Essa pergunta é importante porque é a lógica da fama e do dinheiro que movem os seus autores e seus atores. Só dinheiro. Dane-se a cultura. Danem-se os comportamentos pervertidos induzidos pela lavagem cerebral destes caras. E só dinheiro e a fama!

A ciência afirma que o homem veio do macaco, confesso que às vezes suponho que seja ao contrário.

Esses programas ante-inteligência, impõe valores e comportamentos padrão. Um padrão de imbecilização dos atores e dos espectadores. E não é verdade que o BBB reproduz a realidade! Discordo. Ao contrário, é a realidade que é envenenada e deformada pelos comandos recebidos dessas sujeiras virtuais. Tanto que o estilo big brother de viver a vida é aderido e reproduzido com muita facilidade.

Muito já se falou e muito se criticou a forma de como a Roma Antiga agia politicamente. Pessoas eram colocadas junto às feras nas arenas públicas para serem devoradas sob a aprovação do publico. Isso, ainda hoje é objeto de reprovação de todo o mundo.

Todavia, o que está acontecendo hoje nos reality shows da vida não tem muita diferença. O que difere um pouco é que, na arena, as feras – por sua irracionalidade natural – devoravam as pessoas. No BBB, são pessoas que – pela irracionalidade adquirida – devoram-se mutualmente. O que existe em comum são apenas os aplausos dos espectadores.

A vida é reduzida à competição, à traição, ao ganhar dinheiro e crescer em detrimento do outro. Objetos humanos são postos na vitrine virtual. É só esperar: basta a menininhas serem “eliminadas” que as revistas masculinas estão prontas à captura. É mais uma pegadinha capitalista que adora manejar as pessoas através do manejo dos objetos, ate que as pessoas se transformem também em objetos.

A menininha é convencida que ela é a sua bunda. E os rapazes se convencem que são os seus músculos. Ninguém é reconhecido pela sua capacidade de reflexão, caímos de cabeça numa big bosta! Vejamos: escrever um livro, desenvolver uma nova teoria ou apostar numa carreira descente, tudo isso leva muito tempo para ter um reconhecimento, dar dinheiro e ganhar fama: então o caminho melhor, mais curto e mais fácil é mostra a bunda!

Se selecionassem alguns jovens e os colocassem numa casa, e o premio fosse uma faculdade de direito ou de filosofia grátis, talvez aparecessem alguns poucos candidatos, mas aposto que não teria o ibope que se tem. O que se percebe é uma caça aos cérebros que ainda resistem. E, simultaneamente uma embriagues intelectual invade as casas das pessoas de bem desse país através desses lixos que são as emissoras de TVs brasileiras.

Os mentores do BBB, a elite dominante, ditam as regras do jogo e o fazem como querem. Vendem os produtos, tais como, expressões chulas, jovens despolitizados, vocabulário pobre, conceitos morais depravados, roupas ridículas, preguiça mental, falsidade, imoralidade, culto às orgias e toda ordem de mesquinharias.

Eles preparam o chazinho para os alienados que ansiosamente o esperam no horário marcado. O porquê de todo esse ‘carinho’ com o público é muito fácil de saber: são esses mesmos corpos dóceis e mentes imbecilizadas que vão às urnas de quatro em quatro anos. Muito simples. Há uma relação de amor entre a ideologia vigente e o jeito de fazer politica no Brasil.

Vou terminar esse texto, essa porcaria talvez, citando um pequeno diálogo:
Logo que começou esse última edição da Big Besteira do Brasil, alguém me perguntou: “Qual sua opinião sobre o BBB?” “Não perco o meu tempo com besteirol”, respondi. “Mas você, como estudante de filosofia, também lida com um público jovem, não deveria ver o BBB, para poder criticá-lo?” Olhei para ele e disse-lhe: “meu amigo, não preciso comer bosta para saber que ela é ruim. Pelo cheiro já dá para saber do que se trata”.

Se você concorda comigo, tudo bem. Se não concorda, tudo muito bem! Você pode ser muito útil para os próximos big bostas que estão por vir. Mas deixo um pensamento para você, talvez não interesse, mas faz parte das boas maneiras. 

"É uma estupidez crer por costume inveterado. 
É coisa irracional conformar-se com uma opinião devido ao número dos que a têm... 
É necessário procurar sempre, em compensação, 
uma razão verdadeira e necessária... e ouvir a voz da natureza.” 
(Giordano Bruno)