Construindo um Projeto de Vida...

Todo ser humano tem um horizonte em sua frente, mas poucas vezes parou para contemplá-lo. Uma das primeiras necessidades de um jovem que quer ser feliz é interrogar-se: quais são os grandes desejos e sonhos que quero alimentar? Direcionar a vida e, visualizando-a tentar perceber e compreender qual é o horizonte que o orienta nas suas decisões. No entanto, como veremos mais adiante, todo edifício humano está fadado a ruir se não tem Deus como alicerce.

O projeto de vida é o projeto âncora de todos e quaisquer projetos que uma pessoa possa ter, seja de caráter acadêmico, empresarial, político, religioso, etc. Estes outros projetos podem ser atrelados ao projeto de vida, mas nunca o projeto de vida pode ser condicionado aos outros que dele decorrem e nele encontram sua razão de ser e existir. Pois, um projeto de vida é a experiência mais profunda e real que uma pessoa pode ter. Cada pessoa é um mistério que deve ser descoberto por cada um de forma íntima e individual, sem intervenções ou pressões externas.

Ter um projeto de vida é fundamental para quem quer escrever a sua história com maiores probabilidades de acertos e construir uma vida feliz. Intenções e desejos, não podem ser confundidos com sonhos, não servem de base para a construção de um projeto de vida. Eles, não resistem ao calor, ao frio… Às tempestades da trilha existencial. São simplesmente inconsistentes e circunstanciais.

Projeto de vida também não se constrói sentado à beira do mar das decepções, muito menos às chamas da vingança, ou ainda traçando impulsivamente metas, propostas e prioridades. Um projeto para a vida requer sobriedade, descanso emocional, liberdade para ser tecido e consciência de suas implicações. Pois, o arquiteto prudente constrói sobre a rocha.

As nossas intenções são simples inspirações momentâneas, que às vezes chegam até nós em função do brilho de alguém que soube construir um bom projeto para sua vida. Mas, peca gravemente quem tem intenções desejosas e se ilude pensando ter um projeto de vida. Quem sonha não perece, resiste às mais diversas provações… Tem objetivos definidos.

Sem sonho somos incertos, enveredamos por qualquer caminho e não somos capazes de resistir as interpéries da vida. Quem sonha ver um brilho à sua frente, um caminho a ser percorrido e uma meta a ser alcançada. Para o psiquiatra e escritor Augusto Cury, “os sonhos são como uma bússola, indicando os caminho que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São elas que nos impulsionam, nos fortalece e nos fazem crescer”.

Se os sonhos são pequenos, nossas possibilidades de sucesso são limitadas. Desistir dos sonhos é abrir mão da felicidade, porque quem não persegue seus objetivos está condenado a fracassar. Para esse pensador, “os sonhos trazem saúde, equipam o frágil para ser autor da sua história, animam os deprimidos. Os sonhos fazem os tímidos terem golpes e ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidade”.

Às vezes, nossos projetos são os únicos bons motivos para continuarmos à batalha, as únicas vias de acesso a um estímulo feliz quando não temos mais chão para caminhar, nem ombro amigo para nos apoiar. Nessa hora quem não tem um sonho podem fazer da vida uma aventura perigosa e autodestruidora.

A filosofia já nos disse que o homem é um “Nó de Relações”. Um ser capaz de se relacionar consigo mesmo, com os outros, com Deus e com toda a criação. Para se relacionar consigo mesma, a pessoa tem que ter a capacidade de se conhecer e re-conhecer seus sentimentos e desejos mais profundos, assumindo assim, sua identidade. Aprendendo a viver e com-viver com o seu mundo interior.

O projeto de vida deve nos ajudar a escutar o nosso mundo interior que, aos poucos, foi construído e configurado, e agora carregamos dentro de nós como patrimônio pessoal que nos identifica. Tudo isso graças a vivencia de diferentes acontecimentos que vivemos e experimentamos e que agora dormem em nós e nos acorda para vida.

É o que chamamos de processo de personificação. Este corresponde à dimensão psicoativa construindo a própria personalidade. É a constante busca de respostas – não especulativas, mas existenciais – à pergunta: “Quem sou eu?” É o esforço de tornar-se pessoa: descobrir-se, possuir-se, autoconhecer-se. Na medida em que me conheço tenho nas mãos o que posso entregar aos demais como dom de mim mesmo. “Amar ao próximo como si mesmo…”.

Também somos serem de comunicação. Relacionamo-nos também com ou outros… Somos com-viventes! Corresponde à dimensão psicossocial. “Quem é o outro? Como relacionar-se com ele?” É a capacidade de descobrir o outro, é o irmão que queremos conhecer, com quem desejamos nos comunicar e estabelecer um relacionamento profundo… Nos nossos dias, há necessidade de descer o nível da afetividade, de viver relações de fraternidade e de solidariedade com os irmãos.

Relacionar-se com os outros seres humanos não significa simplesmente, tê-los diante de nós, vê-los ou conversar com eles. É “função” do projeto de vida nos auxiliar na construção de relacionamentos humanizados, saudáveis e sadios. Um relacionamento saudável respeita a outra pessoa em todas as suas dimensões; reconhece os seus direitos, suas necessidades e responsabilidades. Reconhecer o “outro” significa acolhê-lo na sua diferença e singularidade.

Não podemos perder de vista, porem, que a construção do projeto de vida é marcada pelo contexto sociopolítico no qual vivemos. Tal contexto tem uma influencia enorme, e às vezes, determinante nas nossas decisões que levam a elaborações e decisão do nosso projeto pessoal de vida. É importante “escalar a montanha” e perceber as tendências e forças da sociedade que atingem nos corpos, pensamentos e comportamentos.

Aqui chegamos à dimensão política que busca responder as perguntas como: “qual a minha relação com a sociedade ao meu redor?”. Essa dimensão abre o jovem para os problemas sociais locais, nacionais e internacionais. Problemas de moradia, saúde, alimentação, má qualidade da educação, ecologia e etc. Não se pode falar de um amor abstrato que encobre os mecanismos que geram marginalização.

A Dimensão Espiritual também deve ser levada em conta como parte integrante e indispensável na elaboração do projeto de vida. Corresponde à experiência de Deus. A necessidade que o ser humano tem de se relacionar com o Ser Transcendente, com o Absoluto, com o Mistério… Com Deus. Todo edifício humano está fadado a ruir se não tem Deus como alicerce…

A espiritualidade é a motivação central e a bússola para orientar a vida de acordo com a vontade de Deus. Sem espiritualidade, um projeto de vida é vazio. Só a dimensão da espiritualidade é capaz de responder as perguntas existenciais mais profundas: quem sou eu, de onde vim e para onde vou. As relações conosco mesmo, com os outros e com a criação são importantes, mas não são suficientes à realização humana. Não somos apenas um quinhão de matéria jogado à existência, o ser humano se estende para além de seus limites pessoais e relacionais, somos para além de nós mesmos.

Não podemos estar eternamente perseguindo a felicidade, temos que ser felizes, e a felicidade – à minha concepção – é vivida no caminho. Ela não é uma chegada num “sonhado” porto seguro. A felicidade não nos espera numa cátedra, mas caminha conosco nos embates diários que a vida nos permite experimentar.

A estrutura do nosso projeto de vida deve permitir a visualização e definição de objetivos claros e de uma hierarquização de prioridades. Nosso tempo está intrinsecamente relacionado aos nossos interesses. A disciplina diária é o corpo do projeto de vida. A motivação para cumprir etapas, encarar desafios e superar provas é a alma do projeto.

Algumas perguntas são fundamentais para sabermos se sonhamos se temos um projeto de vida. O que busco? Onde eu quero chegar? Que caminhos tenho traçado para minha existência? Quais são as minhas metas? Onde eu quero chegar? Minhas metas são consistentes ou me desfaleço delas com facilidades? Tenho vontade de lutar pelo que amo? O que é prioritário para alcançar essa meta? Qual é a minha missão na Igreja e na sociedade? Que passos concertos devo dar?

Todos os que já sonharam souberam, ou ainda sabem que toda opção implica renúncias, sonha-se para uma coisa e dorme para as outras. Nenhum sonhador está imune de tais renúncias e perdas. Em nome de um projeto, é capaz de considerar supérfluo tudo aquilo que poderia distanciá-los de seus sonhos.

O sonhador foca tanto em seu objetivo que não é capaz de arriscar qualquer distração com coisas que para ele, são insignificantes. Quem sonha ver o que aos olhos dos outros é impossível e até inexistente. Como diz a rainha da música sertaneja no Brasil, “sonhos são as verdades do coração”. A vida é um ideal para a pessoa que se considera ideal, e ela só pode ser compreendida na medida em que a realizarmos estrategicamente.

“Cada um de nós compõe a sua história e cada um ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”. É importante que os nossos sonhos se realizem, porem, mais importante ainda é que continuemos a sonhar.

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-“Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir”?

-“Isso depende muito de para onde queres ir” – respondeu o gato.

-“Preocupa-me pouco aonde ir” – disse Alice.

-“Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas” – replicou o gato.

(Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas)

Movimento das Pernas e das Ideias...



Sol, espero-te sentado à beira da praia.
Ondas, revelam-me o segredo de vencer o terror da escuridão.
... E nesse acorde de vento e mar que sinto o perigoso e irresistível parto dos meus primeiros pensamentos desse novo dia...
Meus dedos rasgam a areia úmida da praia e meus primeiros escritos referem-se a Deus. Uma tímida tentativa de compor uma frase que descreva, embora de maneira imperfeita, os mistérios do Criador.
Meus dedos se identificam com a areia e falam de saudade...
Saudade do tempo que as células que compõe o meu corpo, eram sólidas células, eram grãos de areia...
Sou Barro... Sou Terra Viva, Terra que sente, que pensa, que ama e que cuida.
Esse ar que me faz viver, que toca o meu corpo e rege as ondas é o mesmo ar que outrora pairou sobre esse mesmo mar e, adentrando meus pulmões me fizeram viver.
Permitiram-me à experiência da vida, dessa esplendida e dramática peça chamada existência.
Mar e Homem. Oceanos agitados por ondas iguais e diferentes...
... Mundos líquidos, bravos e inseguros. Criações que emergem da mesma fonte originária.
O que é o homem frente a esse oceano? Um grãozinho de areia? Uma gota d’água que respinga no meu papel ou aquele passarinho que se aventura à caça do seu marisco predileto?
... Não vejo o caminho que me leve ao coração desse mar!
Consigo sentir na pele e nas batidas do coração fragmentos de porquês que me arremessam – ainda mais – para esse infinito... E me faz permanecer à procura das respostas.
Estou convencido de que uma vida com muitos porquês... Poderá ser generosa e acabar revelando os porquês que existem na vida.
De quê esse infinito se alimenta para ser tão forte? E quais sãos os porquês das suas fortes fragilidades?
Sol!
É ele...!
Seus luminosos raios anunciam sua chegada. A criação está ansiosa por esse milagre.
... Um ponto, um pontinho de luz rasga as nuvens e se posiciona abaixo do céu e acima do mar. A criação se alegra: o vento sopra mais forte, as ondas ficam mais agitadas e...
... O coração da natureza que está dentro do homem se emudece sem esconder o seu semblante feliz... Sorrir.
É a face do Criador que aquece, alegra e dá vida à sua arte... Ao seu quadro preferido.
A areia, o mar, o vento, os pássaros e os homens... Impactados por essa atitude tão criativa e humilde de Deus, agradece-O. Fazem do seu dia um jeito interessante de viverem a experiência da unidade e da integração e todo o criado.
Somente unida a criação estará apta a se unir ao seu Criador no final do dia...
Assim, a noite é entendida como um grande encontro restaurador... O amanhecer, como um bom dia iluminado... E o dia...
O dia como o cenário.
O cenário desse grande teatro que é a vida... A vida desse projeto infinito que é a criação fecundada por esse infinito projeto chamado Criador.


(Raimundo Freitas, 09 de Julho de 2011. Praia do Ajuruteua, em Bragança do Pará). 

Filosofia, Arte e Poesia: Originalidades e Inventividades do espírito humano


Não presto culto o delírio, assim como não preciso de modelos para fazer deles uma trilha nas idas e voltas que o intelecto me permite. Mas, confesso que me surpreendo dia-pós-dia com minha própria sede de liberdade. De liberdade pera pensar: a única liberdade que existe, aquela adquirida no livre exercício pensante do intelecto.
Filosofia, arte e poesia: três conceitos que carregam consigo universos infinitos e inesgotáveis. O intelecto os criou, mas não comporta e nem esgota as suas criações.
A referida reflexão não pretende e nem pode explicar as referidas crias intelectuais, pois, o âmago de cada uma é inacessível e insondável, embora tenham brotado da sensibilidade intelectiva. Proponho-me refleti-las como originalidades e inventividades do espirito criador, hóspede no conteúdo humano de cada pessoa em exercício de raciocínio.
A filosofia é um poema recitado em melodias racionais ao conhecimento. O poema, por sua vez, é criação que nasce no livre exercício do intelecto que o compõe simetricamente com suas próprias leis e lentes, e, quando lido e contemplado com o mesmo espirito que o criou... É elemento filosófico de tanta valia e respeito que se equivale a uma obra de arte, que, nascendo do original é nutrida e sustentada por sua singularidade que lhe garante o caráter de única.
Todavia, o espírito humano, o intelecto criador não deve se orgulhar da sua capacidade de produzir ou reproduzir, mesmo que isso lhe seja identitário, mas sua sã vaidade se justifica por está ancorada e plausivelmente justificada na sua original criação. Não há criação que seja repetida. Todas gozam da mesma beleza que reside na originalidade da criação filosófica, artística ou poética.
O poeta é divino, o filósofo é divino e o artista é divino. A singularidade da criação é quem dá testemunho dessa verdade! A divindade os habita e os faz torna-la visível naquilo que ultrapassa a humanidade que está em cada um. O pensamento, a arte e a poesia têm linguagens que não podem se entendidas senão com o auxílio daquelas realidades que lhes são familiares.
Assim como a arte trás às telas, a poesia trás às letras e às palavras algo que transcende a materialidade. Todavia, a reflexão filosófica é a chave mestra para trazer isso às realidades entendíveis. A reflexão filosófica ao realizar o seu trabalho de decodificadora, viabiliza o entendimento daquilo que há de mais humano e compreensível, pois, sem ela a genialidade do poeta e do artista teria brilho, mas não o veríamos tal como ele é.
O trabalho do artista e do poeta pode ser comparado a uma pedra de cristal imersa na poeira, em nenhum momento ele deixa de ser o que é, mas precisa-se retirar a poeira para que ela apareça tal como ela é. Com isso, não estou dizendo que a reflexão filosófica seja superior àquelas realizadas pelos poetas e artistas, mas digo que ela ocupa uma “função” diferente das outras, que são tão originais e tão geniais como esta.
Na arte, a filosofia encontra um espaço privilegiado para se alto exercitar. No entanto, não é ofício da filosofia e de nenhum espírito moribundo punir ou refutar qualquer que seja produção artística. Também a poesia, embora seja “um escrito”, ela não tem simetria com os outros escritos. Ela não é um discurso ou uma doutrina, e, por isso, não pode receber punições. Ambas devem ser pensadas filosoficamente e contempladas com os mesmos critérios que foram compostas.
Pensamento filosófico, arte e poesia fazem parte de um mesmo ornamento intelectual criativo, trata-se de três diferentes obras originárias do espírito que se compraz em raciocinar. Tratar uma dessas obras com menosprezo ou querer enquadrá-las dentro de moldurar padrão e de regras preestabelecidas é negar aquilo que identifica o homem: sua liberdade, sua racionalidade e sua capacidade de criar coisas originais.
Sair do traçado é ofício do intelecto. Sua força inventivo-reflexiva é sua característica que lhe faz destemido na arte de criar. As ideias são produzidas no livre exercício do intelecto, na racionalidade, porem, elas ganham molde e expressão. Todavia, os moldes intelectuais são, para nós, amoldáveis. Não há como moldar um pensamento à imagem e semelhança daqueles já concebidos e que a nós é familiar.
Quando o filósofo, o poeta e o artista partejam a sua criação, são tão originais quanto reais. Mas, nenhum molde precede a obra intelectual. Criações intelectuais não são como bolos em que o forma o precede. Nota-se que, antes mesmo de o bolo tomar forma já se sabe como ele será. Se assim fosse ao terreno intelectual poderíamos criticar e até mesmo refutar as obras de arte e os poemas “imperfeitos”. Em contrapartida seriamos todos condicionados e o intelecto não seria livre, as também condicionado.
A criação intelectual é livre em relação a qualquer que seja regras preestabelecidas. Por isso que, o exercício do espírito originador, que trabalha no universo raciocinante do espirito humano, é livre e não pode receber nenhuma subordinação na sua arte de criar. A irrepetibilidade é o trunfo máximo do intelecto criador e detentor da matriz originária.

Os Lixos Virtuais que valem Ouro

Estamos na era do Big Brother e dos seus similares. Vivemos a era de uma Big Bosta no Brasil! (Desculpe-me o baixo nível em algumas expressões, perdoe-me.) Um “zoológico humano divertido”, como disse o irreconhecível Pedro Bial. 
Um lixo que vale ouro, pura abobalhada revestida de entretenimento. O BBB envergonha parte dos brasileiros!

Na ‘casa-jaula’ as pessoas se digladiam por um milhão de reais, perdem a consciência da moral equilibrada e tornam-se modelos de uma geração que presta culto à bizarrice e acabam por serem atores e propagadores de uma cultura de baixo teor moral.

Em nome de quê as pessoas se submetam e permitem que o seu “eu” seja substituído por um simulacro chulo? Essa pergunta é importante porque é a lógica da fama e do dinheiro que movem os seus autores e seus atores. Só dinheiro. Dane-se a cultura. Danem-se os comportamentos pervertidos induzidos pela lavagem cerebral destes caras. E só dinheiro e a fama!

A ciência afirma que o homem veio do macaco, confesso que às vezes suponho que seja ao contrário.

Esses programas ante-inteligência, impõe valores e comportamentos padrão. Um padrão de imbecilização dos atores e dos espectadores. E não é verdade que o BBB reproduz a realidade! Discordo. Ao contrário, é a realidade que é envenenada e deformada pelos comandos recebidos dessas sujeiras virtuais. Tanto que o estilo big brother de viver a vida é aderido e reproduzido com muita facilidade.

Muito já se falou e muito se criticou a forma de como a Roma Antiga agia politicamente. Pessoas eram colocadas junto às feras nas arenas públicas para serem devoradas sob a aprovação do publico. Isso, ainda hoje é objeto de reprovação de todo o mundo.

Todavia, o que está acontecendo hoje nos reality shows da vida não tem muita diferença. O que difere um pouco é que, na arena, as feras – por sua irracionalidade natural – devoravam as pessoas. No BBB, são pessoas que – pela irracionalidade adquirida – devoram-se mutualmente. O que existe em comum são apenas os aplausos dos espectadores.

A vida é reduzida à competição, à traição, ao ganhar dinheiro e crescer em detrimento do outro. Objetos humanos são postos na vitrine virtual. É só esperar: basta a menininhas serem “eliminadas” que as revistas masculinas estão prontas à captura. É mais uma pegadinha capitalista que adora manejar as pessoas através do manejo dos objetos, ate que as pessoas se transformem também em objetos.

A menininha é convencida que ela é a sua bunda. E os rapazes se convencem que são os seus músculos. Ninguém é reconhecido pela sua capacidade de reflexão, caímos de cabeça numa big bosta! Vejamos: escrever um livro, desenvolver uma nova teoria ou apostar numa carreira descente, tudo isso leva muito tempo para ter um reconhecimento, dar dinheiro e ganhar fama: então o caminho melhor, mais curto e mais fácil é mostra a bunda!

Se selecionassem alguns jovens e os colocassem numa casa, e o premio fosse uma faculdade de direito ou de filosofia grátis, talvez aparecessem alguns poucos candidatos, mas aposto que não teria o ibope que se tem. O que se percebe é uma caça aos cérebros que ainda resistem. E, simultaneamente uma embriagues intelectual invade as casas das pessoas de bem desse país através desses lixos que são as emissoras de TVs brasileiras.

Os mentores do BBB, a elite dominante, ditam as regras do jogo e o fazem como querem. Vendem os produtos, tais como, expressões chulas, jovens despolitizados, vocabulário pobre, conceitos morais depravados, roupas ridículas, preguiça mental, falsidade, imoralidade, culto às orgias e toda ordem de mesquinharias.

Eles preparam o chazinho para os alienados que ansiosamente o esperam no horário marcado. O porquê de todo esse ‘carinho’ com o público é muito fácil de saber: são esses mesmos corpos dóceis e mentes imbecilizadas que vão às urnas de quatro em quatro anos. Muito simples. Há uma relação de amor entre a ideologia vigente e o jeito de fazer politica no Brasil.

Vou terminar esse texto, essa porcaria talvez, citando um pequeno diálogo:
Logo que começou esse última edição da Big Besteira do Brasil, alguém me perguntou: “Qual sua opinião sobre o BBB?” “Não perco o meu tempo com besteirol”, respondi. “Mas você, como estudante de filosofia, também lida com um público jovem, não deveria ver o BBB, para poder criticá-lo?” Olhei para ele e disse-lhe: “meu amigo, não preciso comer bosta para saber que ela é ruim. Pelo cheiro já dá para saber do que se trata”.

Se você concorda comigo, tudo bem. Se não concorda, tudo muito bem! Você pode ser muito útil para os próximos big bostas que estão por vir. Mas deixo um pensamento para você, talvez não interesse, mas faz parte das boas maneiras. 

"É uma estupidez crer por costume inveterado. 
É coisa irracional conformar-se com uma opinião devido ao número dos que a têm... 
É necessário procurar sempre, em compensação, 
uma razão verdadeira e necessária... e ouvir a voz da natureza.” 
(Giordano Bruno)