A Família na Atualidade.

A crise impregnada na modernidade está sendo nitidamente percebida dentro da própria instituição familiar, causando um grande embate de mentalidades, feito rolo compressor, ela põe à prova tudo que diz respeito à sacralidade familiar.

Nas últimas décadas, a família tem sofrido profundas transformações na sua estrutura, decorrente de mudanças significativas nas sociedades modernas ou como muitos preferem, nas sociedades pós-modernas. Apesar disso, ela ainda tem manifestado capacidade de sobrevivência e adaptação, com novos personagens familiares.
A crise observada nos dias atuais dentro da estrutura familiar obedece a uma fase de transição da humanidade. A família pós-moderna caminha para um modelo universal de família que consiste na elevação dos filhos e na pouca autoridade dos pais.
Hoje em dias a família é constituída de forma muito diferente de antigamente. O modelo tradicional formado por pai e mãe – geralmente unidos pelo matrimônio – e filhos, tem dado espaço para a formação de novos laços e valores predominantemente mais liberais e relativos. Isso pela transformação que passou a tão sagrada instituição familiar, onde o pai figura mais importante da ordem familiar, era quem decidia o futuro dos filhos, e qualquer coisa a ser feita ou decisão a ser tomada, a palavra final era dele. Com o capitalismo e tudo que é derivado dele, salário, mercado de trabalho, novos modelos familiares, mentalidade consumista, uma nova ordem se estabeleceu.
Sobre a família contemporânea, Ackerman (1986), disse que “seus padrões estão mudando em um ritmo muito rápido e, ao mesmo tempo, está se acomodando de forma notável à crise social que é a marca do nosso período histórico”.
Varias formas de construir família, já são adotadas: há aquela família constituída pela mãe e filho(s), onde a presença paterna inexiste – mãe assume os dois papéis. Existe também o modelo inverso deste, onde o pai assume a dupla responsabilidade de criar e educar seu(s) filhos(s). Para Creusa Ferreira, doutora em psicologia social pela PUC/SP “a família passa por modificações a cada dia. Antigamente a família tinha como figura central e patriarcal, o pai. Hoje, o casal divide responsabilidades com igualdade de condições perante a sociedade”.
Outra modalidade de família moderna, é aquela que a mãe e/ou o pai não querendo assumir compromissos e responsabilidades para com seus filhos, deixam-nos nas mãos dos avós. Comentando tal modalidade de família, a psicóloga Dalva Santos da UFRJ, afirma que “a família na atualidade vive uma crise. Os diversos modelos de famílias estão confrontados, hoje. Com uma decadência da autoridade paterna”.
O conceito de família do nosso tempo é, antes de qualquer coisa, relativo. Não existe mais um modelo ideal de família com valores imutáveis, ou até mesmo, inalteráveis que resistem a qualquer situação.
É só voltar um pouquinho ao tempo para ver o quanto os laços familiares mudaram. A família caminha lado a lado com a tecnologia na chamada “era digital”. Em algumas famílias, na atualidade, o diálogo perdeu espaço e se tornou coisa do passado, a comunicação é feita por intermédio dos aparelhos celular. A família virando verdadeiros grupos de amigos, ao até mesmo, amontoados de pessoas – desprovido de qualquer laço afetivo.
Para os psicanalistas, um dos elementos cruciais que resultou nas inovações na família moderna foi a entrada da mulher no mercado de trabalho. Segundo eles, ao sair de cada para as fábricas, para as empresas e para as indústrias a mulher se fez importante e passou a exercer outras funções alem das que ela já fazia.
A partir daí o papel da mãe foi sofreu alterações significativas. Ela foi ganhando espaço, igualdade e independência. Hoje, ao contrario de décadas atrás – onde à mãe cabia apenas assumir responsabilidades pelas tarefas domesticas – a mulher moderna tem a mesma liberdade que o homem e toma suas próprias decisões. Com isso, a relação familiar acabou sofrendo grandes transformações.
Mães que nem imaginam sua vida sem o telefone por perto, por ser uma grande ferramenta para facilitar as tarefas do dia-a-dia, tanto como mãe, dona de casa, esposa, profissional e estudante. E isso reflete diretamente na família.
A família enquanto célula da sociedade se adapta aos novos moldes sociais de seu tempo, a estrutura familiar á mesma de um sistema sócio-cultural aberto à transformação. Hoje a família de adapta às circunstancias de um tempo caostificado. O aborto e o divorcio por exemplos, são conceitos básicos das sociedades modernas. Também o mercado de trabalho, aberto aos pais, abre as portas para que eles criem seus filhos por intermédio de terceiros – exemplo típico das sociedades atuais.
A família, historicamente reconhecida como instituição sagrada, passa por profundas mudanças que relativamente se constrói e se conceitua. Porem, os mais variados ajustes e padrões estabelecidos pela adaptação à modernidade não foram capazes de excluir a função paterna e materna que prevalecem independentemente de quem vai assumir. Os papeis ainda subsistem, mesmo não importando quem vai desempenhá-los.