Limpando os olhos com as lágrimas.

“O homem é um aprendiz e a dor é a sua professora;
ninguém se conhece enquanto não sofreu”
(Alfred Musset).

Depois que nascemos algumas certezas – a morte, por exemplo – são tidas como inevitáveis. Uma outra realidade, inerente ao ser humano, embora pareça ferir mais uns do que outros é o sofrimento.
Assim como o jardineiro poda as plantas para mantê-las em harmonia e ganharem mais vida, o sofrimento molda a vida de quem sofre. Muitas pessoas não o aceitam, e chegam ao extremo do desespero e explodem de raiva da situação em que se encontram.
Creio que ninguém sofre por um acaso. Se o dente dói, certamente a carie já está presente nele. Assim é o sofrimento, ele oferece um “sinal” que algo está errado na vida. Olhando por esse ângulo, passamos a aceitar o sofrimento (não que eu seja ou esteja fazendo apologia ao masoquismo), me atrevo a pensar que quando passamos a entender isso, lucramos muito... E aprendemos a usar as lágrimas para limpar os olhos.
Em contrapartida, quando olhamos o nosso sofrer exclusivamente pela ótica da negatividade ele pode nos levar a nossa autodestruição.
Quantas maravilhas já entraram na vida de muitas pessoas disfarçadas de grandes problemas que causaram tanto sofrimento. Às vezes é uma palavra que nos destrói, porém, nós precisávamos ouvi-la, talvez não daquela forma e naquelas circunstâncias, mas tínhamos necessidades dela... É grande a força das palavras, maior que a força física, bem maior... Pois, ficam guardadas num cantinho de difícil cicatrização.
Os dias-noites faz parte da vida, eles clamam por compreensão. É difícil, mas somos obrigados a vivê-los, eles nos proporcionam uma nova noção de quem realmente somos e de como é enigmática a arte de viver. Estamos muito acostumados, ou mal-acostumados viver e aceitar um único lado da vida: o lado feliz, desprovido de dor.
Portanto, o sofrimento é um pedido de reflexão. Não aceita-lo é negar a nossa própria natureza. O maior desafio é aprender a escutar a nossa própria dor.

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